sexta-feira, 10 de junho de 2011

Porque hoje é sábado

Amiga,

Porque hoje é quase sábado e eu tenho acesso ao google,  confesso que
passarei a madrugada pesquisando a origem dos fósforos Paraná e das
Bolachas Maria e não tenho nenhum problema em dizer que esses dois
assuntos me ocupam. Descobri que os fósforos Paraná também vem em
tamanho família e que as bolachas Maria se encontram em processo de
extinção( pelo menos na rede de supermercados que atende o meu
bairro).
As pesquisas que faço me ajudam a compreender o destino das coisas
que, desde muito cedo, me intrigam.
Isso, porque hoje agora é sábado.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pó de ferro

Cavalígrafos mágicos
habitam as paredes do Tófolo
e as nuvens do sobrado
onde vive Guilherme Mansur

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A mendiga que vive em meu quintal e tira leite de pedra quis partir.
Ainda queimam seus trapos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Acordou tremendo, tomou um trago e pintou até o anoitecer.
Tudo está como nunca deixou de ser.
Há dois dias não aparece, voltou a beber.
As páginas finais do romance, foi o vento quem trouxe.
Ele nega, o vento traz.
Um último trago e volto a beber

domingo, 15 de maio de 2011

A proposta:Textos em estado de natureza.

1ª carta de Adriana para K.

querido K.,

hoje acordei cedo: vou ao mercado comprar polvilho doce.
interesso-me pelo processo de extração do polvlho da mesma forma que pelos sintomas da morte por hemorragia. descreverei os dois, porque são processos provocados por uma espécie de trauma.
os traumas são frequentes na natureza e me interessam. o choque dos meteoros com a terra ou as grandes ondas que, vez ou outra, sucedem os terremotos são frequentes por esses dias.
mais tarde , depois de estudar a produção do polvilho vou ler um pouco sobre o estado de choque e aí sim, com todas as informações, poderei descrevê-los com mais detalhes para você.
Um beijo no seu  azul profundo.

A.

Um Canto

( de Sulamita para Salomão)


Oh íntimo de mim!
Meu nome é essa gota de suor
que escorre em seu mamilo.

domingo, 17 de abril de 2011

Uma manhã em Realengo

naquela hora não havia como correr
então, desesperada, ela implorou:
- não me mate
e ele disse:
- não adianta,  você vai morrer

(relato de uma menina no velório das amigas de escola)

sábado, 2 de abril de 2011

vazio
reflete
 o “quê”
ecoa

(Pela manhã, quarto coberto pelo leite que escorreu dos pulmões)

domingo, 27 de março de 2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

Vejo sua fotografia agora.
Estou a cinco metros do chão.
Dez segundos precedem o fim do sonho.

Desejei dizer-lhe  mil  coisas quando acordei .
Falo do amor imaterial:
Aqui não há toque, mas deslocamentos
encontros plenos sem pressa
ao ritmo da música .

Lugar do impossível
onde vivem os contrários
os que se encontram sem nunca se ver

Amor ,

onde o homem por trás das palavras pode me ler.

quinta-feira, 10 de março de 2011

londresparistexas

londresparistexas

                 ( Para  o  Fernando)


O lado de fora sendo feito de ar e isto tendo dito Gertrude Stein,
o que nos pareça estranho seja o futuro ou o real.

Talvez, 
uma pintura não tenha ar nenhum,
uma pintura seja uma tela plana.

O olhar se perde no vazio e ela repete:
Antes da morte qual a resposta?
Antes da morte qual a pergunta?
 

segunda-feira, 7 de março de 2011

prefácio para a infância


Quando criança, sentia atração pela morte. Queria saber do quê se tratava. Nunca entendi o impulso que me levava a encostar uma faca de cozinha no peito  e depois ir dormir temendo os fantasmas que se escondiam atrás da porta, debaixo da cama, dentro do armário, no mundo secreto dos sonhos. Um dia , um menino girando uma colher dentro da boca me encarou e aos poucos deixou escapar umas lágrimas. Eu ali, diante do que Eu significava.

motivo

porque ana, a vida  um dia acaba
mas  tem que ser assim?
tem que ser agora?
você dança, vestida de azul você dança
há noite de outono lá fora.
as folhas caem
o fim sabe de si
ana, para o fim não tem demora:
tem que ser aqui,
tem que ser agora.

domingo, 6 de março de 2011

sabe simone, enquanto degustamos a receita de maria callas me lembrei, me lembro agora de uma coisa que rodrigo me disse: - tem um cara que foi diretor do moma que escrevia assim: compulsivamente. você vai gostar dele. em todo lugar ele escrevia, era "viado", e saia andando pela rua e anotava tudo , uma coisa de fluxo, sabe?
então simone fiquei pensando porque o rodrigo precisou dizer que o cara era "viado", sendo que para mim isso não teria a menor importância e não faria a menor diferença, mas às vezes para o cara fazia e o rodrigo sabendo disso quis me deixar a par . enfim fui conferir essa história e ele tinha mesmo uma coisa rápida que me agrada, que aproxima minha alma. ainda não consegui dar um retorno para o rodrigo, que sumiu da minha vida por enquanto. eu gosto dele, ele é bacana e sensível. entendeu tudo direitinho, entendeu. não sabe disso ainda, talvez jamais saberá. porque estou aqui escondida nesse canto, com os ouvidos atentos ao teclado. você simone ainda está por descobrir que essa crônica existe. talvez depois que eu chegar aí e tomar aquele vinho que vou comprar e degustar a receita de osso buco da maria callas, eu conte para você. depois do vinho tudo pode acontecer.
http://www.germinaliteratura.com.br/booksonline_aversiani/booksonline_aversiani.htm